MISS FLUMINENSE
ELA
SABE QUE É DIVINA...
Nestor
Tambourindeguy Tangerini
Não me havendo sido
possível estar presente no triunfo de Miss Fluminense no Imperial, onde, na
qualidade de jornalista, teria tido ocasião de vê-la e ouvi-la de perto, de
embriagar-me dos seus múltiplos encantos, abordei, ontem, o meu amigo Serrão e
pedi-lhe simulássemos um encontro casual, na Praia de Icaraí, com a deusa
fluminense da beleza.
Egoísta qual todo homem que
se dá com criaturinhas sublimes, o diretor da Única não me achou a idéia lá
muito boa, como, porém, querer é poder, acabou cedendo à minha vontade.
Tomamos o bonde e partimos,
rumo da encantadora praia das “girls” tentadoras.
De castigo à minha
teimosia, o homem fingiu não ter visto o condutor e quem morreu nas passagens
fui eu. Não fiz grande cousa, está claro, mas sempre fiz um sacrificiozinho, a
que a Miss, quando o souber, não deixará de agradecer-me com um sorriso
delicioso da sua linda boquinha de Iracema...
Enfim, na praia.
O mar era sereno e a
viração sutil...
Como que atraída pelo meu
grande desejo de a ver, eis se nos depara a senhorita Marietta – o “bombom dos
bombons” que fazem Icaraí uma “bombonnière” que é a minha tortura de rapaz
guloso.
O meu “ciceroni” cumprimentou-a, eu
cumprimentei-a e Ela veio ter conosco.
Porque o assunto a mais não
fosse a vitória de Miss, o serrão entrou de cheio no assunto, do qual aproveitei as minhas
aparas. A certa altura, o meu ilustre diretor – sempre muito espirituoso – deu
de gracejar com a nossa Zezé Leone, procurando fazê-la sentir que, ao ver dele,
não lhe cabia a Ela a primazia entre as “mais belas” fluminenses. E atirou a
“piada”.
Mas, como o Serrão sempre
nos vem com umas cousas cujo alcance somente ele alcança, o inditoso humorista
foi obrigado a explicar-se, acrescentando:
Quero dizer que, para mim,
só há em todo o Estado do Rio, duas criaturas realmente divinas, para as quais
eu dividiria em dois o prrimeiro lugar...
E Miss Fluminense,
seriamente interessada, antes de que ele melhor se esclarecesse:
- Quem é a outra? Quem é a
outra? (*)
(*) Revista Única
Niterói, RJ, abril de 1929.
...
Nestor Tangerini era pai de
Nelson Marzullo Tangerini
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