NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

 

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

 

Nestor Tambourindeguy Tangerini

 

          Ingenuamente, pensaram ambos que, durante o dia, muito diminuta fora a concorrência do caminho aéreo do Pão de Açúcar. E combinaram um encontro, às onze horas, naquele local.  

          A combinação ficou assentada e, no dia seguinte, à hora marcada, lá estavam os dois no ponto inicial. Meteram-se no carrinho. Eram então os dois únicos passageiros.

          Que alegria!

          Pouco a pouco, porém, o carrinho se foi enchendo, até que, quando subiu, a lotação estava completa. Da Urca voltou o carrinho duas vezes para buscar passageiros, e, do Pão de Açúcar, outras tantas vezes para levar outros.

          E os dois, que ali estavam na doce expectativa de um isolamento completo, viram-se, sem esperar, no meio de uma multidão de estrangeiros e nacionais, cheios de curiosidade e espanto ante a beleza do panorama.

          Meteram-se no primeiro carrinho que então descia e voltaram à cidade, aborrecidos com o “bluff” que lhes pregara ao acaso.

          Por felicidade deles, naquele dia, o marido dela ia almoçar no Corcovado, em companhia de uma francesa. (*)

 

(*) Publicada com o pseudônimo Xtoso.  Rio, outubro de 1947, p. 21, revista O Espêto.


Nestor Tangerini era pai de Nelson Marzullo Tangerini. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MISS FLUMINENSE

ANNE FRANK 1

VENUS DE MILLUS