ESCRITOR PAULO MONTEIRO
A
PREOCUPAÇÃO DE PAULO MONTEIRO
Nelson
Marzullo Tangerini
Meu amigo Paulo Monteiro,
escritor gaúcho, anda muito preocupado com o futuro intelectual do país, depois
que um sinistro ministro confundiu Kafka (escritor tcheco) com Kafta (comida
árabe), e que um renomado advoGado – defensor dos envolvidos nos atos golpistas
– e fascistas – de 8 de janeiro de 2023, fundiu Nicolau Maquiavel, autor de O
Príncipe, com Antoine de Saint-Exupéry, autor de “O pequeno príncipe”. “Aparecerá
alguém para confundir João Calvino com Italo Calvino?”, perguntou-me o Acadêmico
de Passo Fundo. De minha parte, rrrrsss, achei que o advogado merecia um Prêmio
Nobel de Literatura, por ter feito essa brilhante fusão entre os magníficos escritores
italiano e francês.
Também estou preocupado com esta
avalanche de entulho que nos causou um tsunami de bostas e desembocou naquela
invasão de nosso “Capitólio”, a 8 de janeiro de 2023, manchando, assim, a nossa
eterna triste história.
O Sensacionalista, um dia
desses, fez até uma piada sobre o assunto, pois é bem possível que o capitão
tenha confundido aquele histórico relógio, quebrado pelos fascistas, com seu
relógio Rolex de ouro, cravejado de brilhantes.
Brilhante mesmo foi Antônio
Calado, que nos deixou a iluminada frase que ora pinço: “Quem opta pelo regime
autoritário, não tem fé nem apreço pela criação artística”.
Pensaria da mesma forma, se vivo
estivesse, nosso pintor modernista Di Cavalcanti, ao ver um de seus quadros
esfaqueado por aqueles incultos e grosseiros fascistas.
Depois de tudo o que descobrimos
- inclusive, através de “Delações Premiadas” de seus asseclas - e depois de
tantas declarações nitidamente autoritárias, favoráveis à ditadura, como “O
erro da ditadura foi torturar e não matar”, ou “Pinochet devia ter matado mais
gente”, não sabemos por que o capitão, o mito, ainda continua em liberdade.
E se aqui nos aparece o nome de Augusto
Pinochet, é para lembrar os “50 anos do golpe militar no Chile”. E que o
general é responsável pela morte de Salvador Allende e pela tortura e morte de
inúmeros chilenos que lutaram contra aquela ditadura assassina financiada pela
CIA e por empresários capitalistas. Pinochet
é responsável, também, pelas mortes de Victor Jara, cantor e compositor, e
Pablo Neruda, poeta, envenenado com aval da DINA, polícia de costumes da
ditadura pinochetista.
O candidato a ditador tupiniquim,
que gosta de tortura, muitas vezes elogiou – e idolatrou – o temido torturador
Carlos Alberto Brilhante Ustra. E posou, para a posteridade, no Palácio do Planalto,
ao lado da líder do partido de extrema-direita da Alemanha. Esta senhora,
segundo informações amplamente divulgadas pela imprensa, seria neta de um
oficial da SS. Como se tudo isso não bastasse, o capitão deixou-se fotografar,
também, ao lado de um sósia do genocida alemão.
Há um sem número de absurdos que
enquadrariam o capitão, como a conivência com aquele ministro que tentou imitar
o ministro da propaganda do governo nazista alemão.
Certamente, brilhantes, para
mim, são Paulo Monteiro, Salvador Allende, Neruda, Victor Jara, Antônio
Cândido, Di Cavalcanti, e tantos outros que sonham ou sonharam com justiça
social, uma sociedade mais humana e mais intelectual. Não os apagados que
mergulharam a História e espessas trevas.
Mas a ignorância é poderosa: ela
tem patrocinadores elitistas, arrogantes e endinheirados que estão dispostos a
defender seus patrimônios, a ponto de impulsionar a mentira (as fakenews), o
jejum de notícias verídicas, o
autoritarismo e o ódio a todos que pensam que um outro mundo é possível. .
Como lutar contra este monstro
de muitas cabeças?
Comentários
Postar um comentário