NEY MATOGROSSO
O FEITIÇO DE NEY MATOGROSSO
Em agosto de 1978, no jornal
“Mão de Obra”, dos alunos de jornalismo da Faculdade Hélio Alonso, publicava a
minha primeira matéria, uma crítica musical:
“FEITIÇO –
NEY MATOGROSSO – ELEKTRA
Com o lançamento de Feitiço,
ficou provada, mais uma vez, a imagem de um dos maiores show-man do Brasil, Ney
Matogrosso, abandonando, com isso, o rótulo de ex-Secos&Molhados. Nome do
grupo lançado pela Continental.
O repertório não podia ser
melhor: “Bandoleiro”, de Luli & Lucinha (dupla que merecia maior
divulgação) abre o disco com um pique bem matogrossense, deixando na gente
aquele gosto de “Bandido Corazón”.
Gente nova (o que mais
precisamos na MPB) aparece na 2ª faixa. “Mal necessário”, de Mauro Kwito merece desde
já congratulações.
Quando o ouvido pede mais uma
música doce, surge, então, “Dos cruces”, de Carmelo Larrea, que dá ao disco um
toque de latinidad.
Para terminar o lado 1, nada
melhor do que ouvir a saltitante “Fé manino”, de Gilberto Gil, o “Giló”.
Do outro lado do disco, a gente
se desmancha ao escutar “Não existe pecado ao sul do Equador”, do respeitado
Chico Buarque, que divide a parceria da música com Ruy Guerra. Um pique ultrafrenético, que merecia estar do
lado 1.
Na segunda música, “Sensual”, composição
de Belchior & (o pianista) Tuca.
Ney rompe quase todas as
barreiras estabelecidas por nossa sociedade, dando valor, assim, à sensualidade
que existe dentro das pessoas.
Para quem gosta de um tango a la
Gardel, é bom prestar atenção à “Rejeição”, de Ricardo Pavão (que está
navegando na mesma canoa de Kwito).
A quarta faixa é de João Bosco
& Aldyr Blanc (que pensam comentários).
Para o “happy end”, “O
tique-taque do meu coração”, sucesso que já passou pelo gogó de nossa querida e
idolatrada Carmem Miranda.
Enfim, é um disco com boa
escolha de repertório, muito bem gravado (nos States) e que tem uma belíssima
apresentação”.
As críticas musicais obedeciam,
sempre, a um clichê, e eu incorri neste erro, porque tentei imitar o jornalista
Tárik de Souza, crítico musical do
extinto Jornal do Brasil.
Outros críticos havia, como Ana
Maria Baiana (de O Globo), e o hilariante e inteligente Ezequiel Neves, também
conhecido como Zeca Jagger.
Estive algumas vezes com Zeca,
que também era compositor, quando trabalhei no Departamento de Imprensa da
Warner Brothers. Encontrava-me com ele quando ia à gravadora Som Livre, onde
trabalha, para entregar-lhe discos da Warner.
Gostava muito de seu humor
inteligente, tanto escrevendo, quanto pessoalmente. Sua escrita fugia dos
padrões da crítica literária da época. Seus textos estão espalhados em diversas
publicações como a Revista Pop e Jornal da Tarde, entre outros veículos de
comunicação.
O texto sobre Ney Matogrosso foi
revisado por mim, uma vez que o “Mão de Obra”, (Rio, p. 11, Ano 1 –
Experimental 2 -, agosto de 1978), alterou muita coisa do que escrevi, naquele
época. Nem sempre a revisão de texto acerta nos seus objetivos.
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