WASHINGTON LUÍS
WASHINGTON LUIZ
Nelson Marzullo Tangerini
No início de 2008, um aluno meu, Washington Luiz Loureiro de Morais, do
Colégio Estadual Antônio Houaiss, na Boca do Mato, subúrbio do Rio de Janeiro,
me surpreendeu, presenteando-me com inúmeros cartões com caricaturas de
diversas personalidades, contendo neles breves biografias.
Provavelmente, esses cartões foram encontrados nalgum sebo do Rio.
Ignoro, portanto, quem teria publicado esta preciosidade.
Gostaria até que algum leitor –
ou colecionador – me corrigisse e me dissesse quem desenhou os tais cartões e
quem escreveu essas rápidas e interessantes biografias.
Decido falar do político Washington Luís Pereira de Sousa, nascido na
cidade de Macaé, Estado do Rio de Janeiro, a 26 de outubro de 1870. Até porque
gostaria que lhes mostrar uma caricatura cubista do ilustre fluminense, feita
pelo caricaturista Nestor Tangerini, que publicou inúmeros cartões-postais da
histórica Revolução de 30, contendo os Revolucionários e os Deportados..
Chamado por Nestor Tangerini de Dabliúnico Luiz, o fluminense Washington
Luís, xará de meu aluno, formou-se em Direito, em 1891, pela Faculdade de São
Paulo.
Foi promotor público em
Barra Mansa, Estado do Rio de Janeiro, viajando depois para São Paulo, onde
passou a advogar.
Eleito vereador e presidente da
Câmara Municipal de Batatais, interior de São Paulo, Washington inicia ali a
sua carreira política.
Em 1904, o político elege-se deputado à Assembléia Legislativa de São
Paulo, sendo, mais tarde, escolhido pelo então presidente do Estado, Jorge
Tibiriçá, para ocupar a pasta da justiça.
Rapidamente sobe os degraus da política, tornando-se prefeito paulista
e, logo, governador do Estado.
Em meio a uma crise do café no país, em 1926, num momento em que o povo
procurava uma política melhor, Washington Luis toma posse da Presidência da
República.
Durante o seu quatriênio, realizou grandes feitos, entre eles a
construção das rodovias Rio-Petrópolis e Rio-São Paulo. Reformou a Força
Pública de São Paulo, aperfeiçoou o Corpo de Bombeiros, criou o Serviço Social,
regularizou o Serviço de Nascimentos, Casamentos e Óbitos, construiu o Parque
da Avenida Paulista, o Vale do Anhangabaú, etc. e trabalhou intensamente pela
substituição de nossa moeda, de Mil Réis pelo Cruzeiro.
Sua política ia muito bem até começarem as campanhas de sucessão
presidencial, transtornando todo o país.
Para as novas eleições, surgiram dois fortes candidatos: Júlio Prestes e
Getúlio Vargas, dividindo, assim, os votos do povo.
Júlio Prestes venceu as eleições, mas Getúlio Vargas, inconformado com o
resultado, chefiou uma revolução no Rio Grande do Sul; revolução esta que foi
acompanhada pelos estados de Minas Gerais e Paraíba, seguidos de vários outros.
No dia 24 de outubro de 1930, estoura a Revolução, iniciada por Getúlio
Vargas, que conta com apoio popular. O macaense Washington Luís é derrubado do
poder juntamente com Júlio Prestes e seus sectários e todos partem para o
exílio.
Após longos 17 anos distante de
sua terra, Washington retorna ao Brasil, sendo recebido com grande entusiasmo
pelo povo do Rio de Janeiro e São Paulo.
Autor da célebre frase
“Governar é abrir estradas”, o grande estadista Washington Luís, que sempre
demonstrou um grande afeto pelo povo
brasileiro – e isto foi demonstrado em tudo o que realizou pelo país -, morre,
no dia 4 de agosto de 1957, na Capital de São Paulo.
A caricatura e a trova,
lamentavelmente com erro gráfico no cartão, são de autoria de Nestor Tambourindeguy Tangerini.
Corrigimos o erro e
atualizamos a trova:
“Fui brigar com a Paraíba,
jogou-me O Sul no estrangeiro,
onde estou na ‘pindaíba”:
não trouxe nem um ‘cruzeiro”.
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